Dario MECATTI (1903 - 1970)


N
asceu em Firenze, Itália, em 1909 e faleceu, em 1976. “O quadro deve estar pronto, já no esboço. Depois, é só colocar as cores e assinar”.

Pressentindo o clima de pré-guerra e o rumo da política italiana de então, vai para a África. Sete anos mais tarde, resolve ir para o Brasil. Instala-se em São Paulo. Expõe e obtém vários prêmios – era o arquétipo do pintor excepcional!

Artista eclético que era, desenvolve praticamente todos os temas da pintura. Preocupava-se sobremaneira com a composição e era apaixonado pelos ocres. Foi muito feliz como artista, alguns até falavam em “virtuosidade’, tal era a qualidade do seu trabalho.

Mecatti teve três mestres: a exuberância da paisagem italiana, particularmente, a de Firenze; visitas a museus, onde estudava as técnicas usadas pelos mestres do passado; e as viagens pela África, onde permaneceu por, aproximadamente, sete anos. Ainda criança, passava horas a fio observando os fins de tarde, encantando-se com a luminosidade peculiar do crepúsculo e a melancolia da paisagem esbatida na contraluz. O dom para a pintura e a técnica primorosa por si só são insuficientes para justificarem a enorme atração que suas obras exercem! Muitos acreditam que a pintura de Mecatti envolve um grande mistério!... O tratamento austero do tema, o estilo da composição e, principalmente, as cores, que parecem possuir luz própria, são os destaques que cativam o olhar. Entretanto, o que o torna distinto dos demais, é a sutileza de se ter inspirado na pintura medieval do ottocento, mais precisamente dos Macchiaiolli, melhor representada por Irolli e Jiacinto Gigante, trazendo-a de volta à contemporaneidade e caracterizando-a com seu próprio estilo. Assim se dá a desmistificação do mito! O próprio Mecatti, enquanto ensinava, assim dizia: “Não se esqueça que tudo isso já foi feito por Boticelli, Rafael e outros; não há novidade. Todos eles já fizeram esse tipo de pintura infinitamente melhor do que nós; jamais conseguiremos superá-los! Faça uma pintura sua datada à sua época. Pinte a sua época.” Dos muitos alunos que teve, alguns adquiriram grande importância, como por exemplo, o famoso “grupo dos sete”: Menase Vaidergorn, Antônio Pascotto, Sullivan Gaspar, Sílvia Reali Servadei, Diva Buairide, Ézio Monari e José Luiz Messina, este último, provavelmente, seu mais fiel seguidor e, atualmente, considerado um dos pintores mais representativos da arte contemporânea de vanguarda. Mecatti assinava seus quadros usando vários pseudônimos, como: N. Giordani, A. Gelli, Nizza, G. Felice, Giord. Felice e D. Mecatti. São inúmeras as falsificações encontradas no mercado. Tanto assim, que a maioria dos marchands e galeristas evita, na medida do possível, a comercialização das obras de Mecatti, temendo a venda de obras falsas. Por este motivo, não nos foi possível aqui representá-las.

Evoluiu, vindo a cair no abstracionismo, sem, contudo, “quebrar” com a escola anterior. Facilmente se identificam suas obras, pois possui uma “linguagem” inconfundível. Além das exposições anuais no Brasil, também expôs, em: Buenos Aires, Canes, Barcelona, Nizza, Paris, San Remo, Montevidéu, Lisboa, Firenze, Berlim e Bérgamo, entre 1949 e 1973. Sua presença foi tão marcante que deixou uma vasta gama de admiradores, tanto de artistas, quanto de marchands e colecionadores.

Maria da Paz, sua esposa, portuguesa dos Açores, é acometida por uma grave doença. Mecatti não resiste à notícia de que sua esposa teria pouco tempo de vida, e morre subitamente. Maria da Paz morre logo em seguida.

 

 


 
   

 

© by Fernando FIgueirinhas/Alexa Cultural - all rights reserved