Aldo CARDARELLI (1915 - 1986)


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asceu em São Paulo, em 1915 e faleceu, em 1986.  “A pintura é um movimento interminável, é espírito, e espírito é eternidade”.

O valor de um artista toca o que de mais nobre tem um homem – aquilo que ele cria em benefício da humanidade, quando abandona definitivamente o “ter” para simplesmente “ser”. Assim, Aldo Cardarelli, ainda muito jovem, desliga-se do mundo real para se fixar no mundo do imaginário – configurando-se então o artista. Sem se preocupar em entender o mundo, as coisas e os seres, ou inventar interpretações, pereniza pela materialização o que lhe toca o espírito através daquilo que encontra na natureza, tal como ela é. O que diferencia Cardarelli de outros artistas de sua época é, sobretudo, o rigor na execução do traço e as nuances das cores, distanciadas da luz e sombra forçadas, e do clima austero próprio de outras épocas e lugares. As técnicas e os efeitos do academismo serviram-lhe apenas para estudo. A simplificação dos traços, tão usada por grandes pintores de seu tempo, não o interessava. Havia ainda, como ele mesmo afirmava: “Uma ânsia insatisfeita a ser conseguida”. E de fato assim foi! As paisagens de Cardarelli, quase que hiper-realistas, são repletas de verdade – a exatidão das cores, o equilíbrio dos tons, o claro-escuro sutil e a composição espontânea. E depois, a descoberta da alegria no encanto com a natureza, evidenciada no arranjo dos motivos.

Entretanto, Cardarelli, percorre os diferentes temas da pintura dividindo com as marinhas o mesmo espírito das paisagens, adivinhando na imensidão das águas o infinito movimento das ondas. Nas flores e naturezas-mortas, o choque com o realismo estático dos pedaços subtraídos à natureza. O semblante dos retratos e figura é marcado pelo toque alla prima com pinceladas firmes, expressando personalidade ou ângulos inéditos de uma fisionomia.

As ondas do mar seduzem Cardarelli, levando-o ao abstracionismo. Agora, livre de formas e do figurativismo, procura encontrar a verdade das cores no subjetivismo. As cores que surgem nesta fase atraem, mas não trazem respostas para a verdade que procura. E volta às origens! Afinal, a verdade não estava no subjetivismo, mas sim no realismo.

 

 

 


 
   

 

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