“A pintura é um movimento interminável,
é espírito, e espírito é eternidade”

A arte, em Aldo Cardarelli, é a conjunção possível entre o homem e a natureza. Sem explicações ou interpretações basta-se a si própria – a natureza como arte espontânea! Todos nela vivem, passam por ela, tocam-na, mas muito poucos conseguem entendê-la e senti-la. Tal a paixão de Aldo Cardarelli pela natureza que nada mais há que lhe acrescentar.

O encanto pela paisagem é obsessivo – inesgotável, incessante, não cansa e sempre exige mais... Uma satisfação parcial só é obtida quando pintor e natureza se confundem – quando um se expressa no outro em perfeito equilíbrio, quando ambos possuem apenas uma só alma num gesto profundo e interminável. Cardarelli olhava a paisagem como quem quer dela fazer parte. Frustrado pela impossibilidade, seu maior desejo era tornar-se aquilo que não podia ser: a própria paisagem; simples, indecifrável e repleta de mistério.

Talvez a grande arte esteja no que de mais simples há – a arte criada da arte que já existe desde sempre.

                                                                         Fernando Figueirinhas